quarta-feira, novembro 21, 2007

Quero mais!

Ficámos perto da serra e do mar. O ambiente era familiar, simples e interessante. As paredes brancas, os lençóis também. De noite cama, cedo, porque não havia televisão e de facto estamos inseridos numa cultura demasiado televisiva, de dia Praia do Malhão e Barragem da Bravura. O carro também é demasiado utilizado, mas nestes dias as pernas também foram.


Estamos em Novembro, mas fizemos uma manhã de praia estupenda. A temperatura da água muito apetecível, a vista desafogada, a praia era só nossa. Deixámos as nossas pegadas espalhadas pela areia, rebolámos na mesma e engolimos ar puro, aquele ar que não temos na cidade, que não temos aqui em nenhuma hora do dia.



Uma caminhada na tal barragem, igualmente fabulosa. Já estava mais fresco, já se aproximava a noite, também não havia ali mais ninguém.




È bom passear durante a semana, perece que é tudo só nosso.



Cada vez mais penso na minha vida, na que tenho e já estou farta e na que queria ter. Em vez de acordar ao som do despertador para ficar a moer na cama o último minuto permitido, para depois me levantar a correr para me e a vestir dar-lhe o leite e metermo-nos no carro, deixá-la na escola, ir trabalhar para um sitio que não gosto, passar lá 8 horas do meu dia, voltar e fazer o percurso inverso, chegar a casa, banhos, jantar e cama. Usufruir da minha filha 2 a 3 horas por dia…Queria acordar com o despertador biológico, sentar-me à mesa a tomar o pequeno-almoço, afinal é a refeição mais importante do dia e é aquela para a qual não tenho tempo, ter tempo para andar a pé, num local onde pudesse respirar aromas agradáveis, apanhar cogumelos, pinhas, eucalipto, bolotas, pedras e qualquer coisa mais que me agradasse no caminho e então depois disto, se necessário, meter-me no carro, levá-la à escola e entregar-me ao trabalho, mas a um que gostasse que me desse prazer e que me permitisse estar com a minha filha mais do que 2 a 3 horas por dia!
Poder ver o pôr-do-sol, que actualmente nem dou por ele, pois estou metida num escritório sem janela, quando lá entro é de dia, quando de lá saio, está escuro!
Estou a perder tanta coisa boa e ela, tão pequena, também! Há coisas tão interessantes para se fazer e sinto que não vou conseguir fazê-las aqui, nesta cidade cheia de carros, de pessoas antipáticas, com tanta luz que nem conseguimos ver as estrelas.
Disseram-me que para mudar de vida tem que se arriscar, não se pode ficar à espera que uma oportunidade caia do céu, tem que se ir caçar essa oportunidade, mas eu tenho tanto medo, demasiado receio de não conseguir e então nem sequer poder proporcionar à pessoa mais importante da minha vida uma cidade cheia de poluição, de ar de som e de luz! Mas estou tão saturada de tudo isto, uma saturação desgastante e que devagarinho me está a empurrar…